sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O primeiro pesadelo




          Às vezes penso que nasci predestinada a viver só. Mas sei que isso não é verdade, pois para cada pessoa, existe um alguém e eu vivo a procurar o “meu alguém” desde muito cedo, quando aos 15 anos engravidei achando que aquele era o homem da minha vida... depois aos 20... e daí por diante.
          Mas eu estava ali, com o homem que seria a minha alma gêmea. Meu amor. Minha paixão. Minha loucura!!!! Nada poderia estragar a minha felicidade!!! Eu estava em êxtase! Tudo era perfeito!
          Ainda estávamos naquela cama de hotel barato..... Theo me acariciava o tempo todo.... me beijava a todo instante e disse que estava muito feliz! Que era perfeito! Que me amava, etc. Mas ele queria me dizer algo. Começou a ficar inquieto e começou:
_ Eu preciso te falar uma coisa, amor, mas não se como.
_ Ai meu deus, o que foi? Pelo amor de Deus, fala logo porque eu já estou nervosa!
_ Calma... vou falar...  Sabe, a gente peca por falar demais, peca por falar pouco e peca por não falar nada. E eu pequei por não falar nada e agora não sei como te dizer.
_ Theo, por favor o que é que você quer me dizer?
_ Lembra que eu te disse que era separado? Então.... Na verdade, eu estou me separando, mas ainda moro com ela.
_ O que???????
_ Calma amor. Eu posso te explicar.
_ Nossa! Eu nem acredito nisso! Fala sério! Eu te perguntei mil vezes e você me jurou que era separado, Theo!
_ Sim, mas eu sou. Só que ainda moramos na mesma casa. Eu não tenho mais nada com ela há muito tempo. E eu não podia te falar isso. Fiquei com medo de falar e você desistir de vir me conhecer. Se eu tivesse falado, você estaria aqui hoje?
_ Claro que não!
_ Então amor.... ta vendo??? Por isso que eu não falei. Porque fiquei com medo de te perder para sempre. Queria dizer isso para você olhando nos seus olhos, para que você pudesse ver que eu não estou mentindo! (Pasmem! Mentir olhando nos olhos, é rotina para meu amado Theo)

          As lágrimas rolaram pelo meu rosto, inevitavelmente. Chorei, me sentindo enganada. Fiquei muito triste com o que eu acabava de ouvir. Theo podia ter me contado antes. Aliás, devia ter contado. Para que eu pudesse decidir se queria ou não viver isso. Mas ele não o fez. E lá estava eu, num hotel, com um homem casado! Coisa que eu sempre abominei e nunca fizera antes.
          Me senti perdida. Muito triste. Era quase inacreditável! Meu amor, em quem eu acreditei tanto e depositei todas as esperanças, era um homem CASADO!!! Havia mentido para mim, que sempre fui tão sincera com ele, desde o primeiro dia, contando tudo da minha vida para ele.
          Mas Theo sabia como levar uma mulher no papo. E conseguiu me convencer de que ele apenas morava com a ex mulher, Sandra. Dizia que ela era o diabo e que ele só estava lá na casa ainda, porque ele andou desempregado e não teria condições de pagar um aluguel, mas que agora, que ele estava trabalhando, tudo seria diferente! Disse o quanto me amava e assim, com sua conversa melada, sua voz macia, seu sotaque cantador de baiano, Theo me amoleceu o coração... Os beijos e abraços serviram para selar nossa cumplicidade e a minha resposta, quando ele me perguntou se eu ia desistir dele, de tudo que planejamos e do nosso amor. E eu, sem pensar duas vezes, respondi que não. Jamais!
          Trocamos juras de amor eterno. Promessas de um futuro cheio de amor, realizações, cumplicidade e alegrias. Mais uma vez, nos amamos.... mas dessa vez, com mais calma.... Tínhamos todo o tempo do mundo. Fizemos amor várias vezes naquele dia. O desejo nunca acabava! Ele era o homem da minha vida e a ele, naquele primeiro dia, eu entreguei meu corpo, meu coração e minha alma. Minhas promessas eram verdadeiras. Jamais deixei de cumprir nenhuma delas.
          Durante todo o tempo em que vivemos juntos, eu amei, fui fiel, cuidei, fui amiga, amante, mulher, cúmplice, dedicando a esse homem, tudo o que havia de melhor em mim. Este dia 23 de fevereiro de 2009 selou para sempre o meu destino. E não era nada daquilo que eu sonhava.... nada do que eu imaginava....

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